DEFICIÊNCIAS FÍSICAS/ NEURO-MOTORAS
Gina Mitsunaga Kijima
Este
texto tem por objetivo apresentar aos professores noções básicas acerca das
deficiências físicas, sejam elas de origem neurológica, ou não, focalizando
especialmente aquilo que possa interferir no processo de ensino e aprendizagem.
Para melhor comunicação didática, optou-se por apresentar as deficiências em três
categorias, conforme classificadas por Wilson (1971):
1.
Deficiências Musculares e/ou Neuromusculares;
2.
Deformações ósseas;
3.
Limitação do vigor, da vitalidade e/ou da agilidade;
Deficiências
Musculares e/ou Neuromusculares
As
deficiências cujas manifestações exteriores consistem em fraqueza muscular, paralisia
ou falta de coordenação, geralmente são designadas mais apropriadamente como
neuro-musculares, uma vez que as dificuldades encontram-se mais freqüentemente
nos centros e vias nervosas que comandam os músculos, do que nos músculos em
si. Lesões nervosas podem ser causadas por infecções ou por lesões ocorridas em
qualquer fase da vida da pessoa, podendo também ocorrer por uma degeneração sem
causa aparente. (Wilson, 1971).
Distrofia
Muscular Progressiva – é o termo utilizado para as doenças cuja caracterização é
a degeneração e debilitação gradual dos músculos. Sua causa pode estar na
imperfeição do funcionamento do metabolismo, que resulta na falta de nutrição
dos músculos, na disfunção das glândulas endócrinas ou na deficiência dos
nervos periféricos. Afeta principalmente os meninos (sendo raro em meninas).
Os
órgãos comprometidos são especialmente os músculos do esqueleto e às vezes, os
músculos cardíacos. Os sintomas começam a ser percebidos por volta do segundo
ano de idade, já que a criança apresenta uma tendência de andar sobre as pontas
dos pés e a cair. Raramente ela consegue correr. Mais ou menos aos três anos de
idade, a criança deixa de apresentar as contrações no joelho, embora as de
tornozelo demorem mais para desaparecer. Quando chega à adolescência, o
paciente geralmente não mais consegue andar. Sua respiração se torna cada vez
mais curta e vai, geralmente, a óbito, devido a infecção respiratória. Por não existir
nenhum medicamento para o tratamento deste quadro, bem como terapias ou
exercícios especiais que impeçam o aumento da fraqueza dos músculos, é de fundamental
importância que a criança permaneça ativa, continuando com as atividades
normais, o quanto lhe for possível, ajudando-a a adaptar-se às próprias crescentes
limitações. Cerca da metade destas crianças podem apresentar, também, alguma
deficiência mental; quando não, apresentam ótimo desempenho em várias áreas. O objetivo de todo e qualquer
tratamento da criança com distrofia muscular deve ser o de ajudá-la a viver o
melhor possível AGORA.
Esclerose
Múltipla – outra doença degenerativa progressiva, caracterizada pela desmielinização
e destruição do tecido nervoso. O desenvolvimento desta patologia envolve,
inicialmente, períodos de intensa fraqueza, fadiga, tontura, dificuldades com o
controle urinário e distúrbios visuais. À medida que ela progride, sua
manifestação passa a se dar através de três síndromes, que podem também se
sobrepor.
• Síndrome
espinhal – nesta, os sintomas mais comuns são: fraqueza, parestesias e
ataxias.
• Síndrome
cerebral – quando a pessoa vivencia esta síndrome, ela pode sofrer de
hemiplegia, convulsões, distúrbios visuais, afasia e mesmo mudanças bruscas nas
características de sua personalidade.
• Síndrome
tronco-cerebelar – neste caso, as manifestações mais comuns são
problemas da fala, nistagmo e tremores musculares, quando de movimentos voluntários.
Poliomielite
- Também conhecida como paralisia infantil, é a melhor conhecida das doenças
neuro-musculares. Doença infecciosa, pode ser causada por pelo menos três tipos
diferentes de vírus. Em intensidades variáveis, pode provocar a atrofia e a
degeneração das células nervosas afetadas, mudanças nas fibras nervosas periféricas,
paralisia, atrofia de tecido muscular, de tendão e ósseo. Em regiões com
higiene precária e falta de saneamento básico, a infecção da pólio espalha-se quando
as fezes de uma criança doente atingem a boca de uma criança sadia. Onde as
condições sanitárias são melhores, a pólio espalha-se, principalmente, através
das tosses e espirros. Ela geralmente começa quando a criança é ainda pequena,
muitas vezes durante uma outra doença, como um resfriado forte ou febre ou, às
vezes, uma diarréia. A paralisia pode afetar qualquer parte do corpo, mas mais
comumente afeta as pernas. A paralisia não é progressiva, mas caso não seja
atendida com os tratamentos médicos e fisioterápicos adequados, pode resultar
em deformidades e atrofias. É importante se desenvolver todo esforço possível
para o encaminhamento e o atendimento da criança para os procedimentos terapêuticos
necessários. Já a maneira mais eficaz de prevenção é o uso da vacina, que pode
evitar até 70% dos casos.
Epilepsia
- a epilepsia é um distúrbio cerebral, caracterizado por disritmias eletroencefalográficas.
Ela se manifesta através de diferentes tipos de crises, podendo ser
classificada de acordo com a natureza da lesão. Esta, por sua vez, parece estar
relacionada com o período de instalação e pela natureza da lesão cerebral. As
principais formas de epilepsia incluem:
• Pequeno
mal – as crises deste tipo de epilepsia são caracterizadas por uma perda
transitória da consciência, que dura um máximo de 60 segundos. A criança que
tenha uma crise de pequeno mal perde a consciência, mas não cai. Ela pode
apresentar o olhar fixo, derrubar objetos, tornar-se pálida, apresentar uma
momentânea contração muscular, mais frequentemente quando a criança encontra-se
sentada, sem se movimentar. Ao retornar ao seu estado de consciência,
rapidamente continua o que estava a fazer (por exemplo: interrompe a leitura
que estava fazendo, por alguns segundos, e então continua a faze-lo). Ao
professor, recomenda-se verificar qual conteúdo a criança perdeu e qual
conteúdo pôde apreender, já que quando vítima de repetidas crises, a criança
poderá ter seu processo de ensino aprendizagem afetado pela ocorrência de
sucessivos hiatos de consciência, não necessariamente percebidos pela
professora.
• Grande
mal – as crises de grande mal se caracterizam por convulsões, com manifestações
tônicas e crônicas. A criança pode perceber “avisos” sensoriais, os quais são
denominados de aura. De maneira geral, a crise se caracteriza por uma grande
contração da musculatura, acompanhada por abundante salivação e movimentos
repetitivos da cabeça, dos braços e das pernas. Essa crise é geralmente seguida
de um sono profundo, que pode durar de cinco a trinta minutos. Recomenda-se ao
professor que, ao perceber uma crise, deite a criança no chão, imediatamente,
com a cabeça apoiada em algo macio, retirando de junto dela objetos que a
possam machucar (mobílias, pontas agudas, etc).
Não
se deve jamais tentar introduzir objetos em sua boca (como lápis), pois
a tração mandibular é muito forte e pode machucar tanto a criança, como o
professor. É interessante virá-la de lado, para evitar que se afogue com o
excesso de salivação. Em todos os episódios, o encaminhamento ao médico é
essencial, para que as providências medicamentosas sejam tomadas.
• Psicomotora
– ocorre mais freqüentemente em adultos, apresentando uma variedade de
formas de manifestação. É o tipo menos conhecido de epilepsia. O indivíduo que
sofre uma crise pode passar por um breve momento de ação automática, onde suas
atitudes poderão parecer propositadas, mas, na realidade, não as são. Ele fica
em um estado de semi-consciência, podendo desempenhar atos sem objetivo, ou
mesmo inapropriados. Ele pode tirar as roupas, lutar, dançar, cantar, chorar,
correr, ou simplesmente fugir. Ele pode também experimentar medo, ansiedade,
tristeza ou outras emoções fortes. Em casos raros, um comportamento agressivo
destrutivo, ou atos de violência criminosa podem ocorrer. Quando recuperado da
crise, o sujeito pode não ser mais capaz de lembrar o que fez, apresentando uma
crise de mau humor.
• Focal
(Jacksoniana) – esta forma é causada por lesões na área motora do cérebro
e é caracterizada por uma contração muscular incontrolável de uma perna, um
braço ou um lado do rosto. Em geral, não há perda de consciência e às vezes, a
crise pode se espalhar para ambos os lados.
Enxaquecas –
dor de cabeça que afeta geralmente somente um dos lados da cabeça, precedido
por um período, que pode ser curto, de depressão, de irritabilidade e perda de
apetite. As crises de enxaqueca são geralmente acompanhadas de fotofobia,
náusea, vômitos e fobia por ruídos. Uma criança acometida de enxaqueca necessita
ser encaminhada para um quarto escuro e silencioso, podendo também ser
auxiliada pelo uso de analgésicos. É doloroso para ela permanecer no ambiente
agitado e barulhento da sala de aula. É também importante comunicar a
ocorrência das crises para os pais, de forma que atendimento médico possa ser providenciado.
Paralisia Cerebral -
termo utilizado para designar um conjunto complexo de distúrbios da motricidade
voluntária, isto é, do controle dos movimentos, uma vez que é essa a parte
afetada no cérebro. Estima-se que aproximadamente 2/3 das pessoas que têm
paralisia cerebral apresentam deficiência mental; entretanto, freqüentemente o
retardo mental é produto dos problemas de comunicação, ao invés de uma
deficiência básica. A paralisia cerebral pode ser causada por fatores pré, peri
e pós-natais. No período pré-natal encontram-se os defeitos genéticos, anormalidades
cromossômicas que podem produzir anormalidades estruturais no cérebro e no
esqueleto; erros de metabolismo, infecções maternas (como rubéola, toxoplasmose
ou sífilis), anóxia intra-uterina (causada pelo estrangulamento pelo cordão
umbilical ou por anemia da mãe, toxemia da gravidez) e intoxicações (incompatibilidade
de RH, exposição a radiação tóxica). Na fase peri-natal, encontram-se
principalmente os traumatismos (uso incorreto de fórceps, parto rápido ou lento
demais). Na fase pós-natal, são vários os fatores encontrados:
anóxia
cerebral, infecções (encefalite, meningite), intoxicações (medicamentosa, anestésica,
de radiações), que podem resultar em dano cerebral. Considerando que as células
nervosas não se regeneram, uma vez danificadas assim o permanecem. Entretanto,
a tendência também é a de não ocorrer a piora do seu desempenho. Já no que se
refere aos movimentos, a postura corporal e os problemas a eles relacionados
podem melhorar ou piorar, dependendo da forma como cuidamos da criança e também
da extensão da lesão no cérebro. Isto significa que, quanto mais cedo for
iniciado um tratamento, mais melhoras poderão ser conseguidas ao longo dos
anos. Os tipos de paralisia cerebral já identificados estão assim
classificados: espasticidade, atetose, ataxia, rigidez e tremores.
• Espástica
– Aproximadamente 60% das paralisias cerebrais encontram-se neste
grupo. O maior dano se dá no córtex motor. Os músculos são facilmente irritáveis
e contraem-se a partir da menor estimulação. A criança espástica apresenta
rigidez muscular, ou tensão muscular. Isto significa dizer que os movimentos
são rígidos, lentos e desajeitados. Esta rigidez tende a aumentar quando a
criança vai emitir um comportamento voluntário, quando está aborrecida ou
excitada, ou ainda, quando o seu corpo está em determinadas posições. O padrão
de rigidez varia muito de criança para criança, mas o primeiro passo para
facilitar que esta criança manipule e explore os objetos é a mesma estar bem
posicionada.
• Atetóide
- A atetose consiste em movimentos arritmados, concorrentes com
movimentos voluntários, de forma que o resultado é a incoordenação global. Os
movimentos são lentos e contorcidos, ou súbitos e rápidos, nos pés, braços,
mãos ou músculos faciais. É como se os braços fizessem movimentos nervosos, os
pés dessem pequenos saltos, ou apenas uma mão ou um dedo movessem sem intenção,
dificultando pegar e manipular adequadamente os objetos. Quando afetados os
músculos da fala, as crianças apresentam dificuldade em comunicar pensamentos e
necessidades. Problemas de visão também podem encontrar-se associados ao
quadro, dificultando a fixação visual para acompanhar os deslocamentos, bem
como a dissociação dos movimentos olho-cabeça. Com a intensificação da fixação
da visão, podem vir a se tornarem estrábicas.
• Atáxica
– Neste tipo de paralisia cerebral, a área cerebral afetada é o
cerebelo. Suas principais características são: o desiquilíbrio motor, a falta
de coordenação e o nistagmo, que é um rápido movimento dos olhos. As crianças
com ataxia podem apresentar dificuldade para sentar-se ou ficar de pé, caindo
com freqüência e fazendo uso das mãos de maneira muito desajeitada. Geralmente,
necessitam de suporte físico para permanecer sentadas, sem cair.
• Ainda
outros tipos, embora raros - rigidez, tremor, hipotonia muscular, dificuldades
de fala, distúrbios da visão, da audição e do tato. A paralisia cerebral também
está classificada em três padrões típicos, dependendo do membro atingido (das
partes do corpo atingidas): hemiplegia, paraplegia e tetraplegia.
• Hemiplegia
- braço e perna do mesmo lado. O braço é dobrado; mão espástica ou
flácida, devido ao pouco uso. Já a perna atingida se apóia na ponta dos pés, ou
na lateral externa do pé.
• Paraplegia
- somente as duas pernas encontram-se afetadas, podendo haver ligeiro
comprometimento de outras partes (diplégico). A parte superior do corpo
geralmente não é afetada. A criança pode apresentar contraturas nos pés e nos
tornozelos.
• Tetraplegia
– são afetados tanto os membros superiores, como os inferiores.
Ao
caminhar, os braços, a cabeça e a boca podem sofrer contrações, os joelhos encostados
um no outro, pernas e pés voltados para dentro. Muitas das crianças com
tetraplegia têm uma lesão cerebral tão severa, que dificilmente poderão vir a
andar. Por alguns meses após o nascimento, a criança afetada pela a paralisia
cerebral pode não apresentar qualquer problema visível. Pode-se levantar
suspeitas, entretanto, quando se observar que a criança não consegue agarrar um
objeto, aos três meses de idade, não consegue se virar, aos cinco meses ou
sentar-se, por volta dos sete meses. O diagnóstico se torna mais fácil,
entretanto, à medida que a criança cresce.
Tumores do Sistema Nervoso Central
Há
uma grande variedade de tumores que podem afetar o sistema nervoso central,
podendo se localizar no cérebro, ou na medula espinhal. Esses tumores podem ser
benignos ou malignos. Mesmo os benignos, entretanto, podem levar a óbito, se
não diagnosticados, tratados e/ou removidos (seja por extirpação cirúrgica, seja
por tratamento medicamentoso) a tempo.
As
consequências da presença de um tumor no sistema nervoso central vão ser determinadas
por sua localização. Se ele estiver localizado no cérebro, por exemplo, as
manifestações dependerão da área em que ele se encontra e das funções que nela
se realizam. Se estiver localizado na medula, afetará, necessariamente, o funcionamento
de membros inferiores e/ou superiores, dependendo da altura em que se encontra
localizado (paraplegia e quadriplegia)
Espondilolístese –
deslocamento vertebral, causador de dor que pode variar em sua intensidade, a
ponto de inviabilizar a permanência da criança na sala de aula. Atendimento
médico fisiátrico é essencial para o tratamento do problema.
Hérnia de Disco –
neste caso, é o disco intervertebral que se desloca, dado o enfraquecimento dos
ligamentos que o mantêm no lugar. Os resultados desse deslocamento são os
mesmos do caso anterior, com dor que pode se tornar totalmente incapacitante.
Tratamento médico também se faz essencial, necessitando, às vezes, de
intervenção cirúrgica.
Neuralgias e Neurites –
enquanto que as neuralgias são casos de inflamação de qualquer nervo periférico
do corpo, acompanhado de intensa dor, as neurites são casos em que, além da
inflamação, pode ocorrer uma variedade grande de lesões, freqüentemente
degenerativas em sua natureza. Assim, estas podem provocar paralisias parciais
ou totais da área afetada, necessitando de intervenção médica para seu
tratamento.
Má Formação e Deformações Ósseas Deficiências
ósseas em crianças afetam principalmente os membros superiores e inferiores, a
espinha e as articulações. Tais deficiências prejudicam a criança no que se
refere a andar, sentar, ficar em pé e usar as mãos. Podem ser congênitas, se a
criança nasce com elas, ou adquiridas, sendo então resultado de doenças infecciosas,
de disfunções relativas ao desenvolvimento ou de acidentes. Anormalidades nos
pés e tornozelos são as mais comuns dentro do tipo congênito. O “pé torto”,
deformação em que um ou ambos os pés são torcidos para dentro ou para fora, no
tornozelo, ocorre com muita frequência. (Wilson, 1971)
Deslocamento congênito de quadris –
Um quadril está deslocado quando o fêmur, o osso da coxa, sai fora do encaixe
no quadril. Alguns bebês já nascem com um ou ambos os quadris deslocados e,
quando corrigidos no tempo certo, não resultarão em deformidades permanentes.
Escoliose –
curvatura lateral da espinha (curvatura em “s”), de causa congênita ou
adquirida (postura errada, doença ou lesão), resultando em paralisia desigual dos
músculos das costas ou de inclinação do quadril devido à existência de uma perna
mais curta que a outra.
Quistos e tumores ósseos –
também integram o grupo de causadores de deformidades. Um quisto ósseo típico é
uma lesão de desenvolvimento lento, que destrói o osso, formando-se próximo a
uma das extremidades do eixo de um osso longo. Os tumores podem ser benignos ou
malignos. Diagnóstico e tratamento prematuros podem prevenir deformações
graves. (Wilson, 1971).
Limitação do vigor, vitalidade e
agilidade
Condições
físicas que são caracterizadas por vigor, vitalidade e agilidade altamente reduzidos,
limitando a capacidade das crianças em realizar trabalhos escolares com o grau
máximo de eficiência, são causa suficiente para que lhe sejam fornecidos recursos
educacionais especiais. Estes estados podem ser causados por doenças infecciosas
e também por deficiências congênitas ou de desenvolvimento, que levam a uma
invalidez permanente ou a longos períodos de recolhimento forçado ao leito.
Outras doenças como o diabetes e a epilepsia, podem causar períodos freqüentes,
porém curtos, de funcionamento inadequado. (Wilson, 1971)
Deficiências cardíacas –
de causa congênita ou adquirida, é grande o número de pessoas (inclusive
crianças) que apresentam deficiência no funcionamento dos vasos sanguíneos
pulmonares que vão ao coração, ou dele partem.
Febre reumática –
trata-se de uma doença grave, que se manifesta sob a forma de fortes dores nas
articulações e febre alta, afetando as articulações, o coração e os vasos sanguíneos.
É responsável por boa parte das doenças cardíacas adquiridas em crianças, que
uma vez lesionado, pode ser permanente e provocar deficiência (fôlego curto,
criança frequentemente doente).
Tuberculose pulmonar –
uma doença cuja conseqüência é percebida através da diminuição da vitalidade da
criança e causada por uma infecção pulmonar. Seus sinais mais conhecidos são:
cansaço, dor no peito, tosse, febre e perda de peso.
Doenças infecciosas:
Nefrite -
doença de causa desconhecida é precedida, geralmente, de infecção de
estreptococos, manifestada através de sinais como: inchaço dos olhos e de outras
partes do corpo, vômitos, febre, perda de apetite, anemia, pressão alta acompanhada
de dor de cabeça, sonolência, convulsões freqüentes, possível dano nos rins e
dilatação no coração. Seu tratamento se dá através de absoluto repouso, de
rigorosa dieta alimentar e do uso de antibióticos.
Hepatite infecciosa -
causada pela transmissão de um vírus, através de contato direto ou alimentos ou
água contaminados. As hepatites infecciosas (A, B, C, D) têm como
características: febre, perda de apetite, fadiga, náuseas, dor abdominal, dor
de cabeça, icterícia, pigmentação de bile no fígado, dilatação e sensibilidade do
fígado. Seu tratamento consiste em redução do mal estar, da dor e da febre, dieta
alimentar e muito repouso até que o funcionamento do fígado volte a se normalizar.
Mononucleose infecciosa -
Seu provável meio de transmissão é viral, tendo como características mais
marcantes: febre, irritação da garganta, calafrios, dor de cabeça, dor
abdominal, dilatação inicial dos gânglios linfáticos, erupção da pele e
icterícia. A mononucleose infecciosa é tratada através de redução do mal estar e
repouso.
Síndrome da imunodeficiência adquirida –
(SIDA - AIDS) o vírus que provoca a SIDA é o HIV (Human Immune Deficiency
Virus), que destrói as defesas naturais do organismo contra as infecções,
atacando o seu sistema imunológico e enfraquecendo a pessoa. Isto significa
dizer que o paciente, vítima da SIDA, é extremamente vulnerável a uma grande
variedade de doenças como: pneumonia, tuberculose, meningite, sarcoma de Kaposi
e outros tipos de câncer. Só o médico, através de exame de sangue, pode dizer
se a pessoa está ou não contaminada pelo vírus do HIV, que já foi isolado em
diferentes concentrações de materiais ou líquidos orgânicos como sangue,
esperma, secreção vaginal, leite materno, saliva e urina; nestes dois últimos,
ainda não se comprovou qualquer caso de infecção. Mas, já se comprovou que a
contaminação se pode dar através de relação sexual (anal, oral ou vaginal),
através do uso de seringas ou de agulhas contaminadas (compartilhando drogas,
transfusão de sangue, e contato com objetos cortantes que tenham sangue
contaminado), na gravidez e na amamentação (desde que a mãe seja portadora do
HIV soropositiva).
Leucemia e outras formas de câncer –
doença cuja principal característica é o acúmulo de células na medula óssea, a
leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos). Conhecida
popularmente como tutano, a medula é o local de formação das células
sangüíneas, onde são encontradas as células mães e das quais se originam os
elementos do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas). Ao se acumularem
na medula óssea, as células dão origem aos principais sintomas da leucemia,
prejudicando ou impedindo a produção de glóbulos vermelhos (causando anemia),
glóbulos brancos (causando infecções) e plaquetas (causando hemorragias e
manchas roxas pelo corpo). O tratamento da doença deve ser iniciado
imediatamente após detectada. Os dois tipos de leucemia mais freqüentes são:
leucemia linfóide aguda (ou linfoblástica) e leucemia mielóide aguda. Seus
sintomas podem aparecer sob a forma de fadiga, palidez e anemia, em
conseqüência da redução de produção dos glóbulos vermelhos, pela medula óssea.
Já as febres e infecções são causadas pela redução de leucócitos e
glanulócitos, associado, também, a possíveis ocorrências de sangramentos.
Outras manifestações clínicas são: dores de cabeça, náuseas e vômitos, visão
dupla, desorientação, valores sanguíneos alterados com a contagem de plaquetas
baixa e aumento do nível sanguíneo no ácido úrico. A suspeita é maior quando
estes quadros vêm acompanhados de: palidez, febre e da presença de pequenas
manchas avermelhadas. Seu tratamento, ainda que não totalmente eficiente para
obtenção de cura total, tem apresentado bons resultados com a associação de
vários medicamentos (poliquimioterapia), com controle das complicações
infecciosas e hemorragias, além da prevenção ou combate à doença no sistema
nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, tem se indicado
o transplante de medula óssea.
Asma e outras doenças alérgicas –
erroneamente chamada de bronquite alérgica, a asma é uma doença crônica que
afeta indivíduos de todas as idades (Fernandes, Cabral, Faresin, 2000).
Trata-se de uma inflamação dos brônquios (as vias onde entra e sai o ar que
respiramos), que por sua vez, provoca uma diminuição do canal interno de
passagem do ar (devido ao estreitamento). As causas deste estreitamento são:
inchaço das paredes dos brônquios, decorrente do processo inflamatório;
contração dos músculos que estão ao redor dos brônquios e um aumento da
produção de escarro (também provocado pela inflamação). Já os sintomas mais
comuns são: tosse, chiado, falta de ar, sensação de aperto no peito, podendo
variar de acordo com cada caso. Como causa, vários fatores podem ser o seu
desencadeador: alergogênicos, substâncias ou produtos que causam irritação das
vias aéreas, infecções virais, fatores emocionais, atividade física intensa e alguns
medicamentos. A asma é passível de ser controlada, desde que submetida ao
tratamento adequado com medicamentos de alívio (broncodilatadores) ou medicamentos
para tratamento anti-inflamatórios.
Subnutrição –
Principalmente para as crianças que vivem em países pobres, a subnutrição ou
desnutrição tem sido uma das causas mais comuns dos problemas de saúde. Tendo
como consequências a fraqueza, o crescimento comprometido e a menor capacidade
de evitar as doenças, uma vez que o organismo encontra-se debilitado e
desprotegido, a própria desnutrição, para alguns, é considerada também um tipo
de deficiência.
Hemofilia – é
uma deficiência genético-hereditária (do Fator VIII e IX), caracterizada por
falhas no mecanismo de coagulação do sangue, resultando em incontroláveis hemorragias.
É quase exclusiva do sexo masculino. Estes sintomas hemorrágicos surgem já nos
primeiros meses de vida, sendo alguns quadros mais leves e outros mais graves,
percebidos através dos transtornos que apresentam. Um pequeno traumatismo pode
desencadear uma dor intensa, hematomas e a própria hemorragia em órgãos
importantes como os músculos e articulações. Quando freqüentes, estas
hemorragias nas articulações podem comprometer a mobilidade dos membros
atingidos criando, em alguns casos, situações de dependência física. Seu
tratamento consiste na introdução da substância faltante (Fator VIII ou IX) no
sangue dos pacientes. A hemofilia possui dois tipos até então identificados:
Hemofilia A -
conhecida como hemofilia clássica e atinge cerca de 85% dos pacientes (falta do
Fator VIII de coagulação);
Hemofilia B -
(Fator Christmas) tipo mais raro, caracteriza-se pela deficiência do Fator IX. Embora
incurável, a hemofilia é controlável. A transfusão de sangue em um hemofílico corrige
temporariamente a anomalia (aproximadamente por um período de 12 horas). Até
que a hemorragia seja estancada totalmente, se faz necessário a repetição do
procedimento. Atualmente, graças às sofisticadas técnicas, a transfusão foi
simplificada, possibilitando até, em alguns casos, a auto-aplicação. O
hemofílico bem atendido pode e deve ter uma vida normal.
Diabetes – é
uma doença causada pela insuficiência de insulina produzida pelo pâncreas,
tendo como conseqüência direta a impossibilidade da utilização conveniente da
glicose e do açúcar, pelo organismo. Trata-se de uma doença incurável, mas
passiva de controle, desde que o diabético tenha uma dieta equilibrada, exercícios
e tratamento da insulina. A criança que sofre de diabetes e que não está recebendo
tratamento adequado mostra-se apática, desatenta, agitada e irritável.
Quando
em tratamento, ela pode participar das atividades regulares da escola e realizar
suas tarefas sem quaisquer inconvenientes. Ao professor, recomenda-se estar
informado a respeito da rotina exigida pelo tratamento, bem como estar ciente
das consequências que poderão ocorrer caso a criança deixe de seguí-lo rigorosamente
(não comer no momento indicado, negligenciar a insulina, realizar exercício em
demasiado, etc).
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS
COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS / NEURO-MOTORAS
Segundo
Wilson (1971), grande parte das crianças que têm deficiências físicas é beneficiada
com somente algumas modificações no ambiente físico, nos materiais e
equipamentos utilizados para a atividade escolar.
1.
Não apresentam deficiências mentais e podem aprender através dos mesmos métodos
empregados com crianças não deficientes. Portanto, métodos especiais de ensino
só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas sejam
complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões neurológicas.
2.
Não requerem revisões drásticas de currículo. Podem ser necessárias certas adequações
em programas de estudo, sobretudo nos casos em que a deficiência é permanente e
influenciará grandemente a aptidão vocacional e social futura. A falta de
experiências comuns, a ausência às aulas e a necessidade de produzir lentamente
podem aumentar o tempo requerido para completar os cursos previstos. Um
currículo rígido, inflexível, certamente falhará em satisfazer as necessidades
desses alunos, mas não há razão para que a habilidade e a flexibilidade dos
professores e administradores educacionais não resultem em soluções
satisfatórias para a maioria dos problemas escolares.
3.
De modo geral, a finalidade da educação é a mesma, em essência, tanto para os
alunos portadores de deficiência, como para os não deficientes. Pode,
entretanto, se mostrar necessário que se elabore um plano de ensino específico
para uma determinada criança, em função de sua condição física e na medida em
que esta última continue a ser um fator limitativo de sua capacidade...”
A
autora continua sugerindo, dentre as adequações mais comumente necessárias:
Modificações nos recursos físicos dos
prédios escolares
1.
Colocação de pequenos degraus inclinados ou rampas.
2.
Colocação de corrimões próximos a bebedouros, a assentos dos banheiros e à
lousa.
3.
Remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de rodas, ou
facilitar a locomoção de alunos com muletas.
4.
Modificação, no mobiliário, de forma a promover maior conforto a crianças que
usam tipóia, órteses e próteses.
5.
Tapetes antiderrapantes, nas áreas escorregadias.
6.
Portas largas.
7.
Cantos arredondados no mobiliário.
Modificações
na sala de aula
1.
Forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar
a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação motora,
espasticidade.
2.
Colocar canaletas de madeira ou de P.V.C. cortado ao meio, em toda a volta da
carteira, para evitar que os lápis caiam ao chão.
3.
Providenciar suportes para livros.
4.
Providenciar um vira-páginas mecânico.
5.
Providenciar assentos giratórios nas carteiras, para facilitar o movimento de levantar
e de sentar.
6.
Providenciar descanso para os pés.
7.
Providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para crianças que
têm pouco equilíbrio para permanecer sentadas.
8.
Aumentar o calibre do lápis, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda espuma,
para facilitar a preensão.
9.
Providenciar equipamentos como cadeiras ajustáveis, mesas que podem erguidas,
estabilizadores, mesas talhadas, enfim, mobília que atenda problemas específicos
de levantar e de sentar.
10.
Providenciar ajudas técnicas conforme as necessidades do aluno.
Adequações de Recursos Educacionais
Como
com qualquer outro aluno, o professor deverá estar atento ao processo de ensino
e aprendizagem, para identificar as necessidades peculiares do aluno com
deficiência física.
Crianças
com lesões cerebrais às vezes apresentam dificuldades nas funções perceptuais,
tais como discriminar cor, forma, número, tamanho, natureza e semelhança de
objetos. Neste caso, deve-se acrescentar objetivo (s) educacional (is) para
esse aluno em particular, com o (s) correspondente (s) conteúdo (s) de estimulação
psicomotora.
Crianças
que apresentem dificuldades de apreensão de conceitos podem ser auxiliadas
nesse processo se o professor planejar o ensino organizando objetos em
categorias, enfatizando os aspectos e/ou itens relevantes em um contexto, privilegiando
experiências concretas antes de proceder ao estágio abstrato do trato dos símbolos
numéricos, por exemplo.
“Auxílios
sinestésicos, tais como números para recortar, ou de lixa, que podem ser
percebidos pelo tato, podem também ser bons auxiliares do ensino. Pode-se usar
cores para fazer sobressair às configurações e auxiliar, assim, a percepção dos
objetos e textos”. (Wilson, 1971)
Ainda
outras recomendações são feitas, no sentido de se analisar os objetivos educacionais
e por consequência, os conteúdos a serem trabalhados com o aluno, visando
sempre lhe favorecer o exercício de participação no debate de ideias e no
processo decisório quanto a sua própria vida e à vida da comunidade. Assim, pode
ser útil favorecer ao máximo o enriquecimento
de sua experiência de vida, através de:
1.
integração íntima com a vida da escola
2. Estimulação
de interesses e orientação à criatividade nas atividades de recreação
3.
Estimulação da iniciativa e da capacidade de liderança do aluno
4.
Estimular a experiência da vida na comunidade
5.
Estimular a ampla utilização das bibliotecas públicas e da escola” (Wilson,
1971).
No
que se refere às atividades de leitura, recomenda-se que esta seja estimulada,
respeitada as adequações que se fazem necessárias. A leitura silenciosa, por
exemplo, pode se tornar fonte de prazer, estímulo do pensamento criador e via
de acesso a ilimitadas oportunidades de experiência pessoal para a criança com
grandes dificuldades motoras de comunicação oral.
A
criança que tem grandes dificuldades de desenvolver uma comunicação oral funcional
pode ser bastante beneficiada por formas alternativas de comunicação social,
tais como: por escrito, através do uso de quadros de conversação (cadernos de
signos, livros de comunicação, os quais são cadernos ou livros que contêm figuras
correspondentes a substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente utilizados
na linguagem coloquial do cotidiano), através do uso de caixas de palavras com
figuras, de máquinas de escrever, de computador.
“O professor ativo e criador
é capaz de encontrar várias maneiras para favorecer o desenvolvimento da
coordenação física, à medida que a aprendizagem acadêmica do aluno progrida.
Equipamento especial pode também ser pensado, e organizado, com o auxílio de um fisioterapeuta ou de um terapeuta
ocupacional”.