A organização do espaço nas instituições de Educação Infantil
O espaço,
neste sentido, também é um aspecto importante nas brincadeiras infantis, assim,
deve ser ventilado, limpo, claro e amplo. Quanto mais a criança tiver
oportunidade de explorar espaços abertos, melhor será o seu desenvolvimento. A
professora sempre que puder poderá optar por áreas ao ar livre, com árvores e
areia porque um ambiente rico e convidativo propicia momentos criativos e
prazerosos aos pequenos.
Esta
perspectiva está pautada no Parecer CEB/CNE nº 4/2000, que diz:
Espaços Físicos e
Recursos Materiais para a Educação Infantil
a-
Os espaços físicos das instituições de
educação infantil deverão ser coerentes com sua proposta pedagógica, em consonância
com as Diretrizes Curriculares Nacionais, e com as normas prescritas pela
legislação pertinente, referentes a: localização, acesso,
segurança, meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade,
ventilação e temperatura, de acordo com a diversidade climática regional.
b-
As normas
devem prever ainda o número de professores por criança, dependendo de
sua faixa etária, entre 0 e 6 anos de idade, em consonância
com Art. 25 da LDB/96.
c-
Os espaços
internos e externos deverão atender às diferentes funções da instituição de
educação infantil, contemplando:
·
Ventilação, temperatura, iluminação, tamanho suficiente, mobiliário e
equipamento adequados;
·
Instalações e equipamentos para o preparo de alimentos que atendam às
exigências de nutrição, saúde, higiene e segurança, nos casos de oferecimento
de refeição;
·
Instalações sanitárias suficientes e próprias para uso exclusivo
das crianças;
·
Local para repouso individual pelo menos para crianças com até um ano de idade, área livre
para movimentação das crianças, locais para amamentação e higienização e espaço para tomar sol e
brincadeiras ao ar livre;
·
Brinquedos e materiais pedagógicos para espaços externos e internos
dispostos de modo a garantir a segurança e autonomia da criança e como suporte
de outras ações intencionais;
·
Recursos materiais adequados às diferentes faixas etárias, à quantidade de
crianças atendendo aspectos de segurança, higienização, manutenção e
conservação.
Neste
sentido, organizar o ambiente em que será desenvolvido o trabalho pedagógico
utilizando a brincadeira como linguagem com as crianças vem ao encontro de uma
aula produtiva, com objetivos claros e recursos adequados ao desenvolvimento do
conteúdo.
Ao encontro
dessa proposta, têm-se as palavras de Zabalza (1998, p. 233):
O termo ambiente é procedente do latim e faz
referência ao que cerca ou envolve. Também pode ter a acepção de circunstâncias
que cercam as pessoas ou as coisas. De um modo mais amplo, poderíamos definir o
ambiente como um todo indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons e
pessoas que habitam e se relacionam dentro de uma estrutura física determinada
que contém tudo e que, ao mesmo tempo, é contida por todos esses elementos que
pulsam dentro dele como se tivessem vida.
Para o autor,
a preocupação com o ambiente enfoca quatro dimensões que, mesmo sendo
distintas, se relacionam.
A primeira
dimensão é a física, que o autor
define como o aspecto material do ambiente, a estrutura da escola, da sala, o
mobiliário e os materiais que são dispostos dentro do espaço escolar.
A dimensão funcional abordada pelo autor se refere
à maneira como a professora utiliza um espaço, como ela pensa na autonomia das
crianças e assim dispõe os objetos. Como exemplo, o canto da contação de
histórias, seus recursos podem dar suporte a uma aula de teatro, de conversa
sobre assuntos cotidianos, etc.
Quando a
professora organiza a rotina, o seu planejamento, prevê um tempo determinado
para as atividades lúdicas, para a higiene, para a alimentação entre outros
momentos. Esta ação se constitui na dimensão temporal do ambiente e, tão importante quanto as outras, auxilia na
percepção do ritmo da turma como um todo e de cada aluno. Se a professora sabe
que na hora da atividade escrita ou desenhada algumas crianças procuram
terminar rapidamente, precisa prever o que e como poderão interagir com os
colegas de forma construtiva. Nesta perspectiva, os cantos pedagógicos têm a
função de ampliar e dinamizar o estudo sobre os conteúdos. Se foram trabalhados
aspectos do meio ambiente com os alunos, o canto da leitura pode oferecer um
jogo da memória com diferentes ecossistemas e suas relações com a sociedade, ou
um livro que conta a história da Amazônia, dos principais rios do país, para
que a criança perceba como o assunto faz parte do cotidiano.
A organização
do mobiliário na sala de aula, como carteiras e cadeiras, dos armários, do
local destinado aos jogos devem ser pensados numa dimensão relacional, o que significa que a professora projeta interações
entre as crianças, os objetos, os grupos, como participa e faz parte do grupo
de alunos e tudo o que compõe o espaço. Esta dimensão demonstra claramente a
concepção de educação que cada professor desenvolve; ao ver o espaço organizado
por ele, percebe-se sua postura durante a sua prática.
O estudo do
espaço, como foi abordado até aqui, é um elemento importante a ser considerado
na ação pedagógica, não apenas pelo professor, mas também por todos os que
fazem parte do cotidiano da escola.
Ao acompanhar
estágios em instituições de Educação Infantil, muitas vezes observei que os
profissionais tinham receio de usar materiais como tinta, realizar atividades
de recorte e colagem, brincar com argila dentro de sala.
A
justificativa apresentada pelas professoras era sempre a mesma: “As
funcionárias da limpeza não gostam desses materiais, pois sujam a sala” ou “As
funcionárias da limpeza já terminaram o expediente, por isso não poderemos usar
estes materiais hoje”. Refletir sobre esta questão é fundamental para uma ação
pedagógica construtiva, que considere a criança um sujeito ativo no processo de
construção do conhecimento. Tal questão nos remete a pensar sobre os hábitos
que, como adultos, possuímos, e os que pretendemos passar aos nossos alunos.
Ensinar a criança a cuidar do ambiente de que faz parte é um exercício de
cidadania, proporciona autonomia e independência. É por excelência um bom
momento para valorizar o meio ambiente, que além da natureza é o espaço que nos
cerca. Assim, que tal brincarmos muito e depois deixar tudo limpo e organizado?
Além de facilitar o trabalho de quem faz a limpeza da escola, organizar os
materiais, recolher o lixo, apagar a luz, fechar a porta nos faz sermos úteis e
independentes nos gestos e atitudes mais simples do cotidiano. Quem cuida de
si, cuida do ambiente, do outro e da natureza. É um gesto de afeto.
Porém, pensar
no espaço só da sala de aula é pouco, uma escola de Educação Infantil possui
muitos espaços. Há uma sala dedicada ao pré, outra para o maternal e uma
específica para o berçário, esta última possui também um lactário, que é onde
se preparam as mamadeiras e outras pequenas refeições, um banheiro para o
banho, a higiene e a troca de fraldas. Uma escola precisa também de um pátio
com grama, areia, uma parte revestida com um piso que não seja escorregadio e
possa ser de fácil limpeza, um parque, árvores, plantas. Se tiver um cantinho
para fazer uma horta junto com as crianças, será um ótimo estímulo para a
alimentação saudável.
Precisa, também, de uma sala para as professoras
planejarem o trabalho, um local para assistir a filmes, desenhos. Um hall de
entrada, próximo à sala da direção e coordenação pedagógica. E, claro, a
cozinha e o refeitório, um local arejado, muito limpo, com materiais adequados
e que facilitem o manuseio de panelas e utensílios. O banheiro também é outro
espaço importante, pois tem vasos sanitários, pias, lixeiras, portas e
divisórias que facilitam o acesso pelos pequenos. Lá tudo é adaptado e tem o
tamanho adequado ao das crianças. Fonte: Rau, Maria Cristina Trois Dorneles. Educação Infantil: pr´ticas pedagógicas de ensino e aprendizagem. Curitiba, PR: IBPEX, 2011.
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