A ação
lúdica, proposta pelo jogo, pelo brinquedo e pela brincadeira, é, por
excelência, um dos recursos pedagógicos que possibilita o desenvolvimento
integral da criança na creche e na pré-escola. Além de estimular diferentes
áreas de desenvolvimento, pode ser utilizada como recurso pedagógico para o
desenvolvimento de habilidades ligadas à aprendizagem de diferentes áreas de
conhecimento.
Nesta
perspectiva sobre a ludicidade na educação, Rau (2007, p. 32) aborda que “o
pressuposto é de que uma prática pedagógica proporcione alegria aos alunos
durante o processo de aprendizagem. Ou seja, um processo dialético de levar o
lúdico a sério proporcionando o aprender pelo jogo, logo aprender brincando.”
A utilização de jogos e
brincadeiras como recurso pedagógico pode possibilitar a significação de
conceitos para as crianças, por ser um dos únicos recursos que trabalha com
diferentes tipos de linguagem ao mesmo tempo. Áreas como a pedagogia e a
psicopedagogia destacam a importância do desenvolvimento das linguagens
infantis nos primeiros anos da vida escolar. Para entender melhor a que me
refiro, faça a si mesmo as seguintes perguntas e reflita:
Como eu gosto de aprender? Quais recursos
facilitam a aprendizagem de novos conteúdos? Eu entendo melhor quando ouço,
quando pratico ou quando eu escrevo? Preciso me referir a símbolos que
identifiquem palavras ou conceitos? Qual o tempo que levo para aprender algo
novo?
Ao
tentar responder a essas questões, você está identificando como é o seu estilo
de aprendizagem, como é o seu ritmo e qual a melhor forma de interação entre
você, o conteúdo, a metodologia e a linguagem utilizada por quem ensina. Também
está envolvida aos aspectos que se referem ao espaço, à fisiologia, à cultura
que faz parte de sua história de vida.
Smith
citado por Moyles (2006, p. 27) destaca os benefícios do brincar para a criança
apontando que
o brincar sociodramático
pode favorecer as habilidades de linguagem e de desempenho de papéis, enquanto
o brincar construtivo pode incentivar o desenvolvimento cognitivo e a formação
de conceitos. Esses aspectos do desenvolvimento cognitivo podem se sobrepor a
critérios escolares de realização acadêmica, embora não sejam idênticos a eles.
Nesta
perspectiva, o brincar é uma abordagem fundamental para o desenvolvimento e
aprendizagem dos pequenos.
O
ensino, neste sentido, possui diferentes objetivos a serem desenvolvidos, e o
aluno é um sujeito ativo no processo de construção do conhecimento. Assim, as
atividades dirigidas e orientadas no espaço escolar buscam um resultado e
possuem finalidades pedagógicas.
Nesta
perspectiva, o jogo utilizado em sala de aula torna-se um meio para a
realização dos objetivos educacionais, assim, a atuação do professor interfere
na valorização das características e potencialidades dos brinquedos e suas
estratégias de exploração. Isso ocorre porque o professor, ao utilizar o jogo
como recurso pedagógico, pode oferecer informações sobre sua utilização,
estimulando e desenvolvendo as potencialidades da criança em situações de
aprendizagem.
Para
Rau (2007, p. 50), “a utilização do lúdico como recurso pedagógico, na sala de
aula, pode aparecer como um caminho possível para ir ao encontro da formação
integral das crianças”. Contudo, o professor pode utilizar atividades
significativas que atendam aos interesses e estilos de aprendizagem de cada
criança. Articulando, assim, a realidade sócio-cultural do educando ao processo
de construção de conhecimento, valorizando o acesso aos conhecimentos do mundo
físico e social.
Nesta
perspectiva, cabe ao professor estudar e entender a importância do brincar para
as crianças na educação infantil, considerando a infância e a atualidade.
Sabe-se que, atualmente, as crianças têm menos tempo para brincar, mesmo quando
possuem tempo livre. A família busca preencher o tempo dos pequenos com cursos
de línguas, informática, esportes etc. Esta ação não é necessariamente negativa
para o desenvolvimento infantil, o que pode acontecer é que as atividades
ocupem todo o seu tempo e, neste sentido, deixem de ser prazerosas e
interessantes para o universo infantil. E, quando ao contrário, estimulam as
brincadeiras infantis, muitas vezes atendem aos apelos da indústria de
brinquedos fortalecidos pela mídia, oferecendo apenas brinquedos
industrializados para as crianças. Assim, cabe também aos profissionais que
atuam nos cursos de pedagogia buscarem metodologias que considerem a ludicidade
como um recurso para aprendizagens específicas, e resgatar os jogos
tradicionais e estimular a confecção de brinquedos com recursos oferecidos pela
natureza, como palha, areia, água, pedras etc., elementos fundamentais para o
desenvolvimento sensorial. Também é importante que o professor se lembre do
próprio repertório cultural a que historicamente seu grupo de crianças estiver
inserido, buscando atividades que envolvam o folclore, a música, as cantigas de
roda e as parlendas.
Smith
citado por Moylés (2006) destaca o papel do adulto nas brincadeiras infantis,
apontando que ele pode estimular ou desafiar os pequenos a brincar de formas
mais desenvolvidas e complexas. O autor destaca que o adulto pode organizar
materiais e propiciar estrutura e desafio ao participar do brincar das
crianças.
Para
exemplificar o tema ludicidade na educação, será sugerido a seguir um plano de
aula dedicado a crianças de nível pré-escolar. O conteúdo a ser trabalhado, a
organização espacial, faz parte da área psicomotora. As atividades
desenvolvidas têm como objetivos explorar o ambiente da sala de aula, por meio
de brincadeiras, para o desenvolvimento de noções espaciais e identificar
termos relacionados ao espaço que cerca a criança a partir de jogos de
faz-de-conta, ampliando o vocabulário corporal e espacial.
A
professora organizará o espaço da aula, que poderá ser feita na própria sala ou
em um espaço coberto e amplo. Para o desenvolvimento do trabalho, serão utilizados
um aparelho para reprodução de CD com músicas infantis, uma bola de borracha,
crachás com os nomes dos alunos que poderão ser feito com as crianças,
utilizando papel reciclado e outros materiais que serão descritos.
Ao
iniciar a aula, será explicada uma brincadeira chamada “Pega a bola”, que
estimulará a interação entre as crianças e a identificação de seus nomes. A
professora convidará os alunos a formarem um círculo e explicará que irá
colocar músicas infantis para todos escutarem e dançarem. Também será dito que
ao iniciar a música as crianças poderão perceber o ritmo e movimentar partes do
corpo livremente. A professora mediará a ação. Após este momento, será dada a
uma das crianças uma bola, que deve ser passada, jogada manualmente pelos colegas
enquanto a música estiver tocando. Porém, a música será pausada e, quando isto
acontecer, a criança que estiver com a bola falará o seu nome e irá pegar o seu
crachá.
A
continuidade do trabalho será feita utilizando também os crachás, que, além de
ajudar as crianças na aquisição da imagem mental da escrita do seu nome e dos
colegas, servirá de recurso para a atividade chamada História Vivenciada. Em cada crachá haverá o desenho de um animal.
Por exemplo, gato, cão, urso, peixe, pássaro, etc. A professora irá convidar as
crianças a inventarem uma história com estes animais. Para isto, estarão todos
sentados em círculo e cada criança poderá criar uma parte da história, que será
escrita pela professora. Após todos terem se expressado, a professora irá analisar
como ficou o texto e, depois, contará a todos como ficou a história, propondo
que toda vez que aparecer o nome de um animal, eles devem imitar o movimento e
o som dele. Por exemplo, quando aparecer o gato, as crianças podem arrastar ou
andar com quatro apoios e imitar o miado do gato. A professora poderá, também,
colocar alguns obstáculos no espaço, como arcos pendurados, cadeiras unidas,
tecidos espalhados pelo chão, cordas grandes formando caminhos, entre outros.
Para
avaliar a atividade, no final, a professora poderá organizar uma roda de
conversa com os alunos, procurando nomear termos como longe, perto, acima e abaixo, dentro e fora, etc., poderá ser observado como
cada aluno relacionou estes termos durante a atividade.
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