terça-feira, 16 de setembro de 2014

O brincar na Educação Infantil




A ação lúdica, proposta pelo jogo, pelo brinquedo e pela brincadeira, é, por excelência, um dos recursos pedagógicos que possibilita o desenvolvimento integral da criança na creche e na pré-escola. Além de estimular diferentes áreas de desenvolvimento, pode ser utilizada como recurso pedagógico para o desenvolvimento de habilidades ligadas à aprendizagem de diferentes áreas de conhecimento.

Nesta perspectiva sobre a ludicidade na educação, Rau (2007, p. 32) aborda que “o pressuposto é de que uma prática pedagógica proporcione alegria aos alunos durante o processo de aprendizagem. Ou seja, um processo dialético de levar o lúdico a sério proporcionando o aprender pelo jogo, logo aprender brincando.”
A utilização de jogos e brincadeiras como recurso pedagógico pode possibilitar a significação de conceitos para as crianças, por ser um dos únicos recursos que trabalha com diferentes tipos de linguagem ao mesmo tempo. Áreas como a pedagogia e a psicopedagogia destacam a importância do desenvolvimento das linguagens infantis nos primeiros anos da vida escolar. Para entender melhor a que me refiro, faça a si mesmo as seguintes perguntas e reflita:
Como eu gosto de aprender? Quais recursos facilitam a aprendizagem de novos conteúdos? Eu entendo melhor quando ouço, quando pratico ou quando eu escrevo? Preciso me referir a símbolos que identifiquem palavras ou conceitos? Qual o tempo que levo para aprender algo novo?

Ao tentar responder a essas questões, você está identificando como é o seu estilo de aprendizagem, como é o seu ritmo e qual a melhor forma de interação entre você, o conteúdo, a metodologia e a linguagem utilizada por quem ensina. Também está envolvida aos aspectos que se referem ao espaço, à fisiologia, à cultura que faz parte de sua história de vida.
Smith citado por Moyles (2006, p. 27) destaca os benefícios do brincar para a criança apontando que

o brincar sociodramático pode favorecer as habilidades de linguagem e de desempenho de papéis, enquanto o brincar construtivo pode incentivar o desenvolvimento cognitivo e a formação de conceitos. Esses aspectos do desenvolvimento cognitivo podem se sobrepor a critérios escolares de realização acadêmica, embora não sejam idênticos a eles.

Nesta perspectiva, o brincar é uma abordagem fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem dos pequenos.
O ensino, neste sentido, possui diferentes objetivos a serem desenvolvidos, e o aluno é um sujeito ativo no processo de construção do conhecimento. Assim, as atividades dirigidas e orientadas no espaço escolar buscam um resultado e possuem finalidades pedagógicas.
Nesta perspectiva, o jogo utilizado em sala de aula torna-se um meio para a realização dos objetivos educacionais, assim, a atuação do professor interfere na valorização das características e potencialidades dos brinquedos e suas estratégias de exploração. Isso ocorre porque o professor, ao utilizar o jogo como recurso pedagógico, pode oferecer informações sobre sua utilização, estimulando e desenvolvendo as potencialidades da criança em situações de aprendizagem.
Para Rau (2007, p. 50), “a utilização do lúdico como recurso pedagógico, na sala de aula, pode aparecer como um caminho possível para ir ao encontro da formação integral das crianças”. Contudo, o professor pode utilizar atividades significativas que atendam aos interesses e estilos de aprendizagem de cada criança. Articulando, assim, a realidade sócio-cultural do educando ao processo de construção de conhecimento, valorizando o acesso aos conhecimentos do mundo físico e social.
Nesta perspectiva, cabe ao professor estudar e entender a importância do brincar para as crianças na educação infantil, considerando a infância e a atualidade. Sabe-se que, atualmente, as crianças têm menos tempo para brincar, mesmo quando possuem tempo livre. A família busca preencher o tempo dos pequenos com cursos de línguas, informática, esportes etc. Esta ação não é necessariamente negativa para o desenvolvimento infantil, o que pode acontecer é que as atividades ocupem todo o seu tempo e, neste sentido, deixem de ser prazerosas e interessantes para o universo infantil. E, quando ao contrário, estimulam as brincadeiras infantis, muitas vezes atendem aos apelos da indústria de brinquedos fortalecidos pela mídia, oferecendo apenas brinquedos industrializados para as crianças. Assim, cabe também aos profissionais que atuam nos cursos de pedagogia buscarem metodologias que considerem a ludicidade como um recurso para aprendizagens específicas, e resgatar os jogos tradicionais e estimular a confecção de brinquedos com recursos oferecidos pela natureza, como palha, areia, água, pedras etc., elementos fundamentais para o desenvolvimento sensorial. Também é importante que o professor se lembre do próprio repertório cultural a que historicamente seu grupo de crianças estiver inserido, buscando atividades que envolvam o folclore, a música, as cantigas de roda e as parlendas.
Smith citado por Moylés (2006) destaca o papel do adulto nas brincadeiras infantis, apontando que ele pode estimular ou desafiar os pequenos a brincar de formas mais desenvolvidas e complexas. O autor destaca que o adulto pode organizar materiais e propiciar estrutura e desafio ao participar do brincar das crianças.
Para exemplificar o tema ludicidade na educação, será sugerido a seguir um plano de aula dedicado a crianças de nível pré-escolar. O conteúdo a ser trabalhado, a organização espacial, faz parte da área psicomotora. As atividades desenvolvidas têm como objetivos explorar o ambiente da sala de aula, por meio de brincadeiras, para o desenvolvimento de noções espaciais e identificar termos relacionados ao espaço que cerca a criança a partir de jogos de faz-de-conta, ampliando o vocabulário corporal e espacial.
A professora organizará o espaço da aula, que poderá ser feita na própria sala ou em um espaço coberto e amplo. Para o desenvolvimento do trabalho, serão utilizados um aparelho para reprodução de CD com músicas infantis, uma bola de borracha, crachás com os nomes dos alunos que poderão ser feito com as crianças, utilizando papel reciclado e outros materiais que serão descritos.
Ao iniciar a aula, será explicada uma brincadeira chamada “Pega a bola”, que estimulará a interação entre as crianças e a identificação de seus nomes. A professora convidará os alunos a formarem um círculo e explicará que irá colocar músicas infantis para todos escutarem e dançarem. Também será dito que ao iniciar a música as crianças poderão perceber o ritmo e movimentar partes do corpo livremente. A professora mediará a ação. Após este momento, será dada a uma das crianças uma bola, que deve ser passada, jogada manualmente pelos colegas enquanto a música estiver tocando. Porém, a música será pausada e, quando isto acontecer, a criança que estiver com a bola falará o seu nome e irá pegar o seu crachá.
A continuidade do trabalho será feita utilizando também os crachás, que, além de ajudar as crianças na aquisição da imagem mental da escrita do seu nome e dos colegas, servirá de recurso para a atividade chamada História Vivenciada. Em cada crachá haverá o desenho de um animal. Por exemplo, gato, cão, urso, peixe, pássaro, etc. A professora irá convidar as crianças a inventarem uma história com estes animais. Para isto, estarão todos sentados em círculo e cada criança poderá criar uma parte da história, que será escrita pela professora. Após todos terem se expressado, a professora irá analisar como ficou o texto e, depois, contará a todos como ficou a história, propondo que toda vez que aparecer o nome de um animal, eles devem imitar o movimento e o som dele. Por exemplo, quando aparecer o gato, as crianças podem arrastar ou andar com quatro apoios e imitar o miado do gato. A professora poderá, também, colocar alguns obstáculos no espaço, como arcos pendurados, cadeiras unidas, tecidos espalhados pelo chão, cordas grandes formando caminhos, entre outros.
Para avaliar a atividade, no final, a professora poderá organizar uma roda de conversa com os alunos, procurando nomear termos como longe, perto, acima e abaixo, dentro e fora, etc., poderá ser observado como cada aluno relacionou estes termos durante a atividade. 

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