domingo, 9 de novembro de 2014

RACIOCINIO LOGICO MATEMATICO

A criança e a matemática

A matemática também é considerada uma linguagem e tem como objetivo trabalhar com as relações de quantidade, espaço, tamanho, entre outras. A criança, desde muito pequena, brinca com formas, quebra-cabeças, jogos de encaixe e, assim, começa a ter noções dos conceitos de tamanho, número e forma. Neste sentido, as atividades que envolvem o conhecimento lógico-matemático estimulam o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança, seja pela coordenação das relações que estabeleceu entre os objetos e brinquedos ou para que se amplie o conhecimento físico, como a identificação das cores, pesos etc.  
A matemática faz parte do universo de conhecimentos a que as crianças têm acesso. Os números, as relações entre quantidades e noções sobre espaço fazem parte de diferentes situações do cotidiano infantil.
Ao encontro dessa idéia, Bassedas, Huguet e Solé (1999) destacam que o trabalho com a matemática na educação infantil tem por objetivos desenvolver a capacidade de utilizar as linguagens mais formais, abstraindo a realidade, a capacidade de perceber as propriedades dos objetos ou de acontecimentos, envolvendo a formação de conceitos sobre formas e tamanhos e a capacidade de resolução de problemas através da elaboração de estratégias.
Desde muito cedo a matemática pertence à vida da criança, que mesmo antes de entrar na creche já terá vivenciado situações que envolvem seus conceitos. Para as mesmas autoras, “o trabalho no âmbito da matemática, nesta idade, ajuda a criança a compreender, a ordenar a realidade (as características e as propriedades dos objetos) e também a compreender as relações que se estabelecem entre os objetos (semelhança, diferença, correspondência, inclusão, etc)” (p. 81).
As situações-problema são resolvidas pela criança à sua maneira, e neste sentido o RCNEI aponta que: “utilizando recursos próprios e pouco convencionais, elas recorrem a contagem e operações para resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de um jogo, repartir as balas entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o dinheiro e operar com ele, etc.” (Brasil, 1998b, p. 207).
Assim, estas práticas envolvem suas primeiras relações com os números e são fundamentais na construção dos conhecimentos matemáticos. O professor deve considerar este aspecto na relação ensino e aprendizagem da criança. Porém, nem sempre o conhecimento da matemática ou de qualquer outra disciplina foi considerado um processo em construção e nesta perspectiva o próprio RCNEI aponta algumas reflexões. A abordagem da matemática foi por muito tempo desenvolvida destacando a aprendizagem dos conteúdos por repetição, memorização e associação. Neste sentido, a aprendizagem se dava numa sequência de conteúdos que requeriam requisitos anteriores e precisavam ser trabalhados do simples para o complexo, do fácil para o difícil.
Outra concepção em relação à aprendizagem da matemática é que a ação pedagógica precisa acontecer a partir do objeto concreto para que a criança faça as abstrações. O referido documento aborda que a fragmentação entre concreto e abstrato, entre objeto e conceitos, faz com que os recursos utilizados para explorar o conhecimento prévio que o aluno possa ter sejam considerados autoinstrutores. “Na realidade, toda ação física supõe ação intelectual” (Brasil, 1998b, p. 209), assim, o objeto evoca sempre experiências que a criança teve em relação ao conteúdo a ser desenvolvido. Assim observa-se nas falas da criança ao ser questionada quantos anos tem – sua resposta se relaciona ao número; o mesmo pode acontecer quando ela sobe na balança para ver seu peso ou usa moedas para pagar balas. “Como aprender é construir significados e atribuir sentidos, as ações representam momentos importantes da aprendizagem na medida em que a criança realiza uma intenção” (Brasil, 1998b, p. 210).
Uma maneira significativa de iniciar o trabalho pedagógico com os números na Educação Infantil pode envolver a prática de coleções. Estimular as crianças a colecionar pode ser uma forma lúdica de relacionar suas experiências aos números, grandezas e quantidades. Juntar objetos é um recurso que o professor pode utilizar para apresentar os conteúdos da matemática para as crianças, por fazer parte de hábitos que perpetuam diferentes culturas e momentos históricos. Assim, o conhecimento sobre as operações de adição e subtração, produção e interpretação de registros numéricos, comparação e ordenação de quantidades e produção de sequências em ordem crescente e decrescente pode ser construído levando a criança a diversas formas de raciocínio. O professor pode utilizar, inicialmente, jogos e brincadeiras que explorem o que as crianças sabem sobre número, numeral, contagem e registro e, durante a prática, fazer anotações sobre a maneira como participam das atividades, o interesse e como resolvem os problemas propostos.
Vale a pena lembrar que o jogo utilizado como recurso pedagógico precisa que o professor planeje e oriente as situações com a criança e que possua objetivos claros em relação à aprendizagem. O jogo e as atividades coletivas como parte do planejamento sobre a Matemática se justificam por apresentar os conteúdos de forma lúdica e contextualizada na Educação Infantil.
Nesta perspectiva é que as coleções podem contribuir no desenvolvimento de noções de quantidade. As crianças podem ser estimuladas a trazer para a escola chaveiros, bonecos de borracha pequenos, etc. e, para organizar a coleção, a professora pode fazer um mural com os números de 1 a 10 escritos em cima de ganchos para pendurar, junto com os pequenos, um a um, até que se forme a quantidade referida. Todo o dia pode ser feita a contagem com as crianças. Os cartões telefônicos, que trazem figuras de animais ou diferentes regiões do país, por exemplo, podem auxiliar na aprendizagem da escrita de uma sequência numérica. Os cartões podem ser colados em uma sequência numérica escrita no quadro embaixo de cada número.
Folhas e flores são colhidas pelas crianças diariamente por serem interessantes e propiciar momentos de afeto entre elas e a mãe ou a professora. Convidar as crianças a passear no jardim e colher folhas pode ser uma atividade rica e facilitar a contagem e o registro até 20 ou 30. A atividade pode consistir em organizar as folhas considerando o tamanho e a forma, contar e registrar até o número a ser definido pelo professor. Durante a contagem também surgirão as operações de soma e de subtração e, ao final da atividade, todos podem confeccionar quadros, livros e desenhos com as folhas selecionadas.
A resolução de problemas é parte do contexto da aprendizagem da matemática. Conforme o RCNEI, “Na aprendizagem da matemática o problema adquire um sentido muito preciso. Não se trata de situações que permitam aplicar o que já se sabe, mas sim daquelas que possibilitam produzir novos conhecimentos a partir dos conhecimentos que já se tem em interação com novos desafios” (Brasil, 1998b, p. 211).
A turma da pré-escola também pode ser estimulada a ler, interpretar e produzir escritas numéricas de dois e três algarismos, pois já operam com quantidades maiores e resolvem pequenos problemas matemáticos. Assim, uma coleção de figurinhas pode ser um recurso viável para apresentar os números até 100. As crianças trazem as figurinhas, que vão sendo contadas diariamente. O professor deve considerar que o aumento da quantidade exigirá novas atitudes referentes à aprendizagem dos números, pois será diferente contar 8 mais 6 e 12 mais 17, por exemplo. As crianças apresentarão diferentes formas de contar, utilizando os dedos, riscos no quadro, entre outros. É importante que elas elaborem todas as formas possíveis, pois através da análise e da discussão dos procedimentos utilizados é que chegarão ao modo mais próximo à forma de seu raciocínio.
O professor poderá utilizar alguns elementos que sirvam de referências, como a fita métrica. O registro e a contagem das figurinhas proporcionarão novas relações, organização de pensamento e elaboração de argumentos sobre as diversas maneiras de organização, o que proporcionará ao professor reflexão sobre a metodologia. Neste sentido, o Referencial aborda que “reconhecer a potencialidade e a adequação de uma dada situação para a aprendizagem, tecer comentários, formular perguntas, suscitar desafios, incentivar a verbalização pela criança, etc. são atitudes indispensáveis do adulto” (Brasil, 1998b, p. 213).

Além das coleções, atividades como histórias, contos, músicas, jogos e brincadeiras favorecem a construção dos conhecimentos matemáticos na infância, pois envolvem, além da sequência numérica, comparações entre quantidades e notações numéricas e a localização espacial.
Fonte: RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM. Curitiba: IBPEX, 2011.

Os seminários de apresentação das turmas de pedagogia foram interessantíssimos, veja a seguir:

















































































Nenhum comentário:

Postar um comentário